Guilherme Purvin
Nestes tempos de aceleração do processo de destruição da biodiversidade e da recusa na abolição do uso de combustíveis fósseis tem havido um simultâneo crescimento da extrema direita no cenário mundial.
Não é de se estranhar, por isso, que todo tema que possa significar um avanço, ainda que mínimo, no fortalecimento da cidadania, da democracia, venha sendo atacado.
É nesse contexto que surgem projetos de lei e de emenda constitucional destinados invariavelmente a aumentar a vulnerabilidade dos mais frágeis.
Privatizar praias em benefício do capital, reduzir garantias penais, criminalizar o pequeno usuário de maconha e a menina que engravida em razão de violência sexual, afrouxar a fiscalização das abordagens policiais.
É a extrema direita ditando a pauta que a imprensa eufemisticamente chama de conservadora, mas que na prática nada mais é do que massacre da população mais pobre, genocídio, fundamentalismo.
As narrativas do antropoceno não se limitam ao aquecimento global e à extinção das espécies, elas estão presentes nas declarações sarcásticas dos responsáveis por desastres como os do Rio Grande do Sul, de Mariana e Brumadinho, de Maceió, de Manaus, na criminalização do aborto de vítima de estupro, na impunidade daqueles que ostensivamente ridicularizam o Poder Judiciário mas também na jurisprudência que oferece alicerces para o prosseguimento dos retrocessos socioambientais.
São narrativas que nos atordoam, algumas escandalosamente ruidosas, outras insidiosamente silenciosas. Como na canção do Gil e do Chico, atordoados permanecemos atentos na arquibancada para, a qualquer momento, ver emergir o monstro da lagoa.
No episódio n. 37 do Podcast Narrativas do Antropoceno, lanço a pergunta; "A quem aproveita criminalizar o usuário de drogas?" Elizabeth Harkot de La Taille, Rogério Rocco, Sandra Cureau, Ricardo Antonio Lucas Camargo, Rui Guimarães Vianna e Luciana Bauer participam de um debate de quase 1h30 sobre a famigerada PEC das Drogas.
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