-FREDERICO ARZOLLA-
Para um mundo melhor, é preciso que as pessoas sejam ouvidas e dele participem. É necessária a manifestação do eu interior, da consciência de cada um, contrapondo o autoritarismo com a participação, com a exposição de ideias e o debate. É nesse exercício de se colocar e ouvir o outro que emerge a democracia. Para que haja a democracia em setores amplos, é necessário que haja ela entre nós. É um princípio.
O mundo mudará quando as pessoas mudarem. E assim essa energia promoverá a implosão de sistemas e condicionamentos arcaicos. Naturalmente não aceitarão mais outras formas de agir e existir. A velha energia da dominação e da subjugação terá que ser substituída pelo amor e o respeito.
A atitude correta perante todos e nós mesmos quebra as correntes de ódio, vingança e o poder que uns querem exercer sobre os outros. Escolha com consciência o que nutre sua alma, como ela se alimenta, se são sentimentos bons ou ruins, pois é daquilo que você se alimenta que se transforma seu mundo.
Sou apenas um, como mudarei o mundo? É uma pergunta que cada um pode fazer. O despertar de cada ser humano é fonte irradiadora. Quando um desperta, sua luz irradia para o outro, e assim esta se propaga, tocando os demais por onde passa.
Não espere um novo messias ou algo que venha de fora para dentro. Há muitos estímulos e ensinamentos, semeando palavras de reflexão. O movimento é de dentro para fora. A velha ordem mundial implodirá, não explodirá. Há pessoas que ficam esperando o contrário: um cometa, uma invasão extraterreste ou o apocalipse. Não é esse o caminho.
Está em você e nas pessoas a mudança; quando exigirem da sociedade e de governos relações melhores, sistemas melhores em que haja o respeito e a valorização do ser humano; quando exigirem do ser humano o respeito e a valorização do outro mundo, o natural, com suas paisagens, seus componentes e suas espécies; quando as relações forem harmônicas, não de destruição, conquista e subjugação. Aliás, estas últimas três palavras seriam bem empregadas para caracterizar a civilização humana.
Há outra palavra emblemática que está no cerne da civilização: a exploração. Exploram-se uns aos outros e exploram-se outras espécies e o meio em que vivem. A racionalidade que permeia a civilização humana é a do desbravamento, com a ocupação e a exploração. Percebam na história esse binômio. Para o mundo melhorar, quebrem estas ordens arcaicas e nefastas e revolucionem o mundo. Não será fácil, não será imediato, mas será necessário.
Diante de um mundo tão intenso e atarefado dificilmente temos momentos de reflexão. Há ordens mundiais instaladas e as pessoas estão inseridas nelas. Percebam o que as sustentam: parem e reflitam!
O rumo terá que ser mudado. Novos valores e novas concepções devem perpassar todas as relações – próprias, com a família, com o trabalho, em sociedade, com os outros seres e com o meio natural. Amem-se e respeitem-se, a vida na Terra para continuar terá que passar por estas transformações.
O modo de vida e o culto ao desnecessário e supérfluo, a idealização e a adoração ao consumo desnecessário é algo a ser refletido e repensado. Para que comprar e consumir quando desnecessário? Atitudes e modos de vida mais conscientes estão na base da mudança. Por trás dos produtos que compro, há valores corretos ou eles mantêm o velho sistema arcaico, de ocupação e exploração ou de destruição, conquista e subjugação?
A nossa ação consciente ou inconsciente mantém ou muda o mundo. Cabe a nós a decisão. Queremos de verdade um mundo melhor ou nos enganamos acerca disso? É só discurso e retórica? Ou provém do nosso interior, da nossa alma?
Os produtos que consumimos também devem espelhar na sua elaboração os ideais que queremos para o mundo, devem ter na sua aura (cadeia produtiva) a justiça social e ambiental. É viver consciente! É tê-las como cerne de todas as ações, em nosso modo de vida.
Sejamos conscientes e a exerçamos todos os dias. Lembrem-se: é um movimento, é a transformação do mundo pelas pessoas que o compõem. É uma construção a partir do coletivo, da mudança a partir do indivíduo para o todo, culminando na construção de uma sociedade mais consciente, mais justa, solidária e fraterna.
É a implosão de um sistema econômico-social-ambiental que está colapsando a sociedade e o planeta Terra, afetando os mais vulneráveis e desfavorecidos, as paisagens, as espécies e os ecossistemas. Reajam. Cabe a nós a mudança e a transformação do planeta.
Frederico Arzolla é Engenheiro Agrônomo, Doutor em Biologia Vegetal, Pesquisador em Conservação da Natureza e Florística e Fitossociologia de Árvores da Mata Atlântica
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